EXPOSIÇÃO DE CATARINA FRAGUEIRO
8 DE JULHO A 8 DE AGOSTO DE 2021
HORÁRIO
5ª e 6ª feira das 18h às 22h
Sábado e domingo das 9h às 17h
Rua de Camões, nº 37, Loja 5
SINOPSE
3D STUDIO
1.
É 3
Sim.
O número 3 é ímpar e não só.
São 3 os lados do cubo que podemos ver ao mesmo tempo.
Somos 3.
Quem achar que 2 ou 3 podem ser a mesma coisa, estará certamente, não redondamente mas triangularmente enganado(a).
Na teoria do filósofo e matemático Pitágoras, o 3 representa a perfeição.
É a soma do 1, que significa unidade, e do 2, que significa diversidade.
O 3 é um número bom no mundo dos números. E é aí que se torna subjectivo, como alguma arte…. Ou toda. E está na moda.
Ou já esteve, ou virá a estar. É irredutível… como os gauleses.
2.
Neste caso, nesta exposição, neste dispositivo, o 3 é fundamental. Como não haveria de ser? tratando-se de um Espaço dimensional?
Hum!.. Tridimensional?
Não.
É muito mais do que isso.
Contraditório?
Não.
É bastante mais do que isso.
É como haver muito mais para além de um jogo de vida ou de morte. Mas é um jogo a fingir que é um jogo.
Menos por menos dá mais, –+.
3.
A pintura é o mote, é a extensão do corpo, é a arma do crime que estará entre dois outros crimes anunciados sem resolução à vista. Esses outros 2, são perpetrados pelo crepúsculo da técnica. São a diversidade que somando à singularidade e unidade da pintura resultam num triângulo cujo conceito axial é o tempo.
O tempo da pintura?
Não.
É mais do que isso.
O tempo só é abstracto se a nossa vida o for. E aqui a vida está espalhada e espelhada concretamente no triângulo, de forma a unir as três dimensões da técnica, da arte e da vida, num algoritmo mais humano. Como se fosse um filme de terror a ser deixado em paz. Neste espaço, nesta galeria que se abre a um mundo cada vez mais fechado com um cadeado a fazer de cadeado, olha-se de fora, de dentro e para dentro.
Há mundos em que apenas uma janela os separa.
E isso é bom?
É 3D.
CATARINA FRAGUEIRO
Nasceu na Ilha Terceira, Açores, Portugal, no ano de 1993. Concluiu a sua Licenciatura em 2017, no Curso de Artes Plásticas na Escola Superior de Artes e Design nas Caldas da Rainha, onde atualmente reside e trabalha. Nutre o seu percurso artístico em torno da exploração no campo da pintura e da escultura, tendo já colaborado com vários artistas, em projetos fundamentalmente ligados à produção artística de figurinos e cenários, oficinas criativas e na assistência de construção e instalação de projetos escultóricos. Pinta maioritariamente a óleo sobre tela, que por vezes diverge por caminhos de outra exploração multimaterial.
ACONTECIMENTOS ANTERIORES
SE TE DER UMA PENA, DESENHAS-ME UM MARTELO
EXPOSIÇÃO DE JOÃO GASTÃO
Após largos anos meditados no estrangeiro, algures num lugar algum, João Gastão vem com esta exposição apresentar as suas boas novas à cidade das Caldas da Rainha e aos artistas contemporâneos e vanguardista que por lá andam e lá passam.
Autor da mais bela e emblemática história de rua “Street Fart” e de outros tantos artigos literário-ilustrados, como é o caso de “Acorda e Ão”, “ Gôto”, “Achas?acho!” e “Salut/tchau! “, atualmente Gastão encarrega-se da direção e execução do seu mais ambicioso projeto “Capela Sinistra”, que conta com mais de 144m2 desenhados num teto de um complexo artístico, onde ele como personagem e artista esboça a sua ação de desenho à mão livre, recorrendo a pincéis de 4 metros de envergadura, na incessante procura de uma resposta que jamais irá obter.
Nesta exposição, cujo título original seria “Si je te ramène une plume tu me dessine en marteau?”, João simplifica a vida de inúmeros portugueses que não entendem francês e portanto chama-lhe de “Se te der uma pena, desenhas-me um martelo?”.
Neste grupo de sempre novos e frescos trabalhos, o artista coloca uma questão existencial entre objetos e ações que procuram desencadear reações por parte dos objetos e das ações e vice versa e verse-viça, enquanto que, rebusca temas revivalistas do seu próprio histórico criativo, como é o caso do clássico “Lápis envergonhado” ou da tão desenhada e ilustre “Triste contente tela infeliz”, ou até mesmo o martelo que prega e o prego que martela.
A origem do seu mais recente trabalho, dedicado 77% sobre o desenho cru e sóbrio, 33% sobre escultura por ocupação e divertimento e 40% ao processo de pensamento, começa na secretária, onde ele se encontra não sentado mas é pé, contemplando o lápis que está ora pousado, ora pegado, ora desenhado, ora atrás da orelha, ora dobrado, ora vergado, ora caído, ora seta, ora flexa. Deste modo, João Gastão faz uma espécie de tratado de fé ao lápis e ao desenho, à semelhança da crença que Duchamp tinha com o urinol, embora João não tenha tempo de ir à casa de banho por estar demasiado ocupado a desenhar.
O outrora desenhado cabide, a outrora desenhada tela de pintura e os outroras desenhados lapises, aparecem hoje materializados em esponja, espuma e arame. A razão pela qual o fez e o faz não a diz, tal como Buster Keaton não se denunciava, se bem que mudo não era Keaton, mas sim o cinema daquela época.
Concluí-se portanto o inconcluível: nesta exposição Gastão mostra que não é apenas pessoa de poucas palavras, como aliás é pessoa de palavras nenhumas, como aliás nem pessoa é. Ele antes define-se pelo desenho que por si só já diz muito.
JOÃO GASTÃO
João Gastão nasceu algures entre uma gargalhada e um choro intenso com soluços à mistura. Filho de uma borracha de esferográfica e de um corretor branco titânio, João Gastão decidiu desde muito cedo afastar-se das pegadas da sua família para morar dentro de um lápis de grafite. Como um caracol, João Gastão vai desenhando ao longo das suas deslocações por este mundo fora. A este grande desenho em constante ele chama de CV.
Depois de uma grande exposição na galeria/projeto cultural fá-lo/cr, João Gastão decidiu tirar umas férias de duas semanas e meia para encher o ZOO (este espaço em específico) de coisas engraçadas e outras nem tanto.
Se o quiseres conhecer, mais do que com esta biografia que pouco diz por só usar palavras e não desenhos, entra. Entra e entra sem medos, afinal de contas, isto não é uma galeria de arte.
O ZOO é um lugar de acontecimentos efémeros.
O ZOO pode ser a arena ou o ginásio.
O ZOO pode ser o aquário ou o lago.
O ZOO pode ser a selva ou os animais.
O ZOO pode ser a surpresa ou os presentes.
O ZOO pode ser o fenómeno ou os factos.
O ZOO pode ser a nuvem ou a terra.
O ZOO pode ser o milagre ou a realidade.
O ZOO pode ser a cores ou a preto e branco.
O ZOO pode ser a pintura ou o desenho.
O ZOO pode ser a escultura ou a literatura.
O ZOO pode ser a música ou a paisagem sonora.
O ZOO pode ser o ator ou o teatro.
O ZOO pode ser multimédia.
O ZOO pode ser o jardim de infância ou a sala de reuniões.
O ZOO pode ser a salvação ou não.
O ZOO pode ser o Céu e o Inferno em simultâneo.
O ZOO pode não ser bem aquilo que aparenta ser.
O ZOO pode ser a representação daquilo que não é.
O ZOO pode ser o espetáculo em si.
O ZOO pode ser pura expressão ou pura emoção.
O ZOO pode ser o choro ou a gargalhada.
O ZOO não privilegia a identidade do artista.
O ZOO privilegia o trabalho artístico.
No ZOO nada se vende mas tudo pode estar à venda.
No ZOO não é permitido violar os direitos dos animais.
No ZOO não é permitido violar os direitos humanos.
No ZOO não é permitido violar os direitos dos autores.
O que acontece dentro do ZOO pode não ter periodicidade.
O que acontece dentro do ZOO pode não ter uma duração vitalícia.
O que acontece dentro do ZOO pode e deve desencadear reações.
Dentro do ZOO espera-se o inesperado.
No ZOO a entrada do público e da imprensa não é permitida.
No ZOO a entrada do público e da imprensa pode ser permitida, mediante a natureza dos acontecimentos.