JANELA INTERIOR

JANELA INTERIOR
Exposição de Temo Alcobia

Os períodos de confinamento, sem previsões ou verdadeiras perspectivas de futuro, foram especialmente definidos por “espaço limitado” e não partilhado.
Como forma de reflexão e documentação da subjectividade e também da objectividade ao olhar o mundo, desde Março de 2020, o artista tem realizado desenhos em A2 e pequenas pinturas, e irá fazê-lo até os confinamentos e estados de emergência serem coisa do passado. Há uma visão gráfica, pictórica, humana, e sobretudo vivencial do fenómeno que ainda não tinha acontecido a um nível global, como está a acontecer com esta pandemia. O artista não deixa de ser artista ao viver esta nova ebulição. E é justamente nesse apontamento de realismo que a possível utopia aparece, ainda que seja gráfica e pictórica.
Nesta exposição Telmo Alcobia irá fazer uma selecção de 20 desses desenhos, numa cronologia da pandemia, para questionar a forma como a sociedade se adaptou e (idealmente) superou ou não, este desafio, à data da exposição.
Será sobretudo sobre a superação humana e a sua condição, invocando uma perspectiva de futuro, seja ele qual for que a exposição incidirá. Será sobretudo um trabalho de reflexão acerca das virtudes e das idiossincrasias contemporâneas. Não deixará de reflectir sobre o papel da Arte no actual contexto pandémico.
Por sua vez, o espaço em que a exposição terá lugar cria um habitáculo vazio, que pode ser observado por dentro, ou por fora, através de montras de vidro, como as divisórias de acrílico ou mesmo só, através de vidro, fronteiras que definiram muitas das nossas interacções. Mas dentro desse espaço, a presença física das molduras e a materialidade do papel, da tinta e a aura do original negam a experiência digital da coisa copiada, partilhada e repetida à exaustão, numa concorrência infinita com múltiplas imagens.
Enfim, procurar-se-á a imagem certa para este momento “errado’.

 

TELMO ALCOBIA
Licenciado em Pintura e mestre em Desenho / FBAUL. Director artístico do Projecto Pa-redes, PARTIS, Gulbenkian, Lisboa (2017). Autor de murais em vários locais do país. Exposições colectivas recentes: DWELLING, Antagonist Movement, Gallery 107 Projects, Sidney, Austrália (2016); ViveArte 6, Villa Franca de Los Barros, Espanha (2014); Beam me up, Robotarium, Lx Factory, Lisboa (2013); I feel lucky, Galeria Adélia Matos, Porto (2011); 25 anos do C.P.S., Quai de La Batterie, França (2011); Cem República, Galeria António Prates, Lisboa (2010); Lisbon Dolls, POP UP, Palácio Verrides, Lisboa (2010); Galeria de Arte Urbana, Elevador da Glória, Lisboa (2009); Subsolo, Underground Lisbon, Lisboa (2009); (Re)presentações, Alunos e professores da FBAUL, Fábrica Braço de Prata, Lisboa (2007); Fabrica, Edifício Interpress, Lisboa (2007). Exposições individuais recentes: Arame Farpado (2016) e Intervenção (2013), Galeria António Prates, Lisboa; Vulpes et corvus, Fabula Urbis, Lisboa (2011); Agência
Stealthy (2010) e Stencil (2008), Galeria São Bento, Lisboa. Menção honrosa em vídeo, “Prémio Salúquia às Artes”, Moura (2005); primeiro prémio de pintura Mundiglobo, painel conjunto com Miguel Noronha, Lisboa (2006); menção honrosa em Pintura, 62º Salon des Artistes du Hurepoix, Paris, França (2008). 8º Workshop of Local Cultures, Polónia (2013); DVD Lisbon Dolls de Ethan Minsker/N.Y. Antagonist Movement (2012). Autor da serigrafia comemorativa dos 25 anos do C.P.S. (2012).


O ZOO é um lugar de acontecimentos efémeros.

O ZOO pode ser a arena ou o ginásio.
O ZOO pode ser o aquário ou o lago.
O ZOO pode ser a selva ou os animais.
O ZOO pode ser a surpresa ou os presentes.

O ZOO pode ser o fenómeno ou os factos.
O ZOO pode ser a nuvem ou a terra.
O ZOO pode ser o milagre ou a realidade.
O ZOO pode ser a cores ou a preto e branco.

O ZOO pode ser a pintura ou o desenho.
O ZOO pode ser a escultura ou a literatura.
O ZOO pode ser a música ou a paisagem sonora.
O ZOO pode ser o ator ou o teatro.
O ZOO pode ser multimédia.

O ZOO pode ser o jardim de infância ou a sala de reuniões.
O ZOO pode ser a salvação ou não.
O ZOO pode ser o Céu e o Inferno em simultâneo.

O ZOO pode não ser bem aquilo que aparenta ser.
O ZOO pode ser a representação daquilo que não é.
O ZOO pode ser o espetáculo em si.

O ZOO pode ser pura expressão ou pura emoção.
O ZOO pode ser o choro ou a gargalhada.
O ZOO não privilegia a identidade do artista.
O ZOO privilegia o trabalho artístico.

No ZOO nada se vende mas tudo pode estar à venda.
No ZOO não é permitido violar os direitos dos animais.
No ZOO não é permitido violar os direitos humanos.
No ZOO não é permitido violar os direitos dos autores.

O que acontece dentro do ZOO pode não ter periodicidade.
O que acontece dentro do ZOO pode não ter uma duração vitalícia.
O que acontece dentro do ZOO pode e deve desencadear reações.
Dentro do ZOO espera-se o inesperado.

No ZOO a entrada do público e da imprensa não é permitida.
No ZOO a entrada do público e da imprensa pode ser permitida, mediante a natureza dos acontecimentos.